Lagartos gigantes (Varanus komodoensis) da Indonésia não têm uma mordida tão poderosa quanto ao crocodilos, nem são tão grandes quantos ursos cinzentos, mas matam pressas enormes, incluindo seres humanos.
O poder destruidor desses animais está na mordida e numa dose de veneno – mas não de bactérias, como sugeriam pesquisas anteriores. Os dragões de Komodo, que habitam algumas ilhas da Indonésia central, usam seus dentes serrilhados para segurar e rasgar a presa, criando uma ferida profunda. Em seguida é inoculada uma mistura especial de veneno, de acordo como os resultados de um estudo recém publicado on-line no Proceedings of the National Academy of Sciences. “O dragão é de fato peçonhento” observa Stephen Wroe, pesquisador associado de biologia da University of New South Wales, na Austrália, e autor do estudo.
Os biólogos sempre acreditavam que esses enormes lagartos – que medem entre dois e três metros e pesam até 100 quilos – matavam suas presas infectando-as com bactérias patogênicas. Mas este novo estudo revela que a saliva desses dragões transporta diferentes patogenos, mas a maior parte dos microorganismos encontrados era comum.
Ao contrario do que supunha, os pesquisadores descobriram que os dragões de Komodo podem ter, na verdade, o sistema de inoculação de veneno mais complexo encontrado nos repteis, o que não havia sido notado antes, porque os dentes desses animais diferem completamente dos exibidos pela maioria das criaturas peçonhentas.
Os dragões produzem proteínas toxicas – não muito diferentes daquelas produzidas pelos monstros de Gila e por algumas cobras – que provocam queda na pressão sangüínea e diminuem a coagulação das presas. Dutos especiais transportam a peçonha de cinco compartimentos separados para abertura entre os dentes serrilhados. Depois de o veneno ser introduzido na ferida produzida pela poderosa mordida, as vitimas podem entrar em choque e morrer em conseqüência de hemorragia.
A descoberta do sistema venenoso dos dragões de Komodo levou os pesquisadores a acreditar que seu parente extinto, o Megalania (Varanus priscus), que chegava a pesar até duas toneladas, pode ter sido o maior animal peçonhento da terra.
Fonte: Scientific American – Brasil, publicado em 02 de junho de 2009 por Katherine Harmon