quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O veneno dos dragões de Komodo


Lagartos gigantes (Varanus komodoensis) da Indonésia não têm uma mordida tão poderosa quanto ao crocodilos, nem são tão grandes quantos ursos cinzentos, mas matam pressas enormes, incluindo seres humanos.
O poder destruidor desses animais está na mordida e numa dose de veneno – mas não de bactérias, como sugeriam pesquisas anteriores. Os dragões de Komodo, que habitam algumas ilhas da Indonésia central, usam seus dentes serrilhados para segurar e rasgar a presa, criando uma ferida profunda. Em seguida é inoculada uma mistura especial de veneno, de acordo como os resultados de um estudo recém publicado on-line no Proceedings of the National Academy of Sciences.  “O dragão é de fato peçonhento” observa Stephen Wroe, pesquisador associado de biologia da University of New South Wales, na Austrália, e autor do estudo.
 Os biólogos sempre acreditavam que esses enormes lagartos – que medem entre dois e três metros e pesam até 100 quilos – matavam suas presas infectando-as com bactérias patogênicas. Mas este novo estudo revela que a saliva desses dragões transporta diferentes patogenos, mas a maior parte dos microorganismos encontrados era comum.
Ao contrario do que supunha, os pesquisadores descobriram que os dragões de Komodo podem ter, na verdade, o sistema de inoculação de veneno mais complexo encontrado nos repteis, o que não havia sido notado antes, porque os dentes desses animais diferem completamente dos exibidos pela maioria das criaturas peçonhentas.
Os dragões produzem proteínas toxicas – não muito diferentes daquelas produzidas pelos monstros de Gila e por algumas cobras – que provocam queda na pressão sangüínea e diminuem a coagulação das presas. Dutos especiais transportam a peçonha de cinco compartimentos separados para abertura entre os dentes serrilhados. Depois  de o veneno ser introduzido na ferida produzida pela poderosa mordida, as vitimas podem entrar em choque e morrer em conseqüência de hemorragia.
A descoberta do sistema venenoso dos dragões de Komodo levou os pesquisadores a acreditar que seu parente extinto, o Megalania (Varanus priscus), que chegava a pesar até duas toneladas, pode ter sido o maior animal peçonhento da terra.

Fonte: Scientific American – Brasil, publicado em 02 de junho de 2009 por Katherine Harmon

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