Não é exagerado dizer que estamos
acabando com os recursos naturais do mundo. Mais precisamente, já diminuímos em
30% a biodiversidade da Terra desde a década de 1970.
Além disso, nós consumimos 50% a
mais do que nossa capacidade por ano. Ou seja, nós usamos recursos de um ano e
meio durante apenas um ano. E, nesse ritmo, 30% pode virar 100%.
A organização WWF faz
bianualmente um estudo chamado Relatório Planeta Vivo para saber quais nações
estão consumindo mais recursos naturais. O último relatório traz comparações de
2008, último ano do qual se tem dados.
Segundo os cientistas que fizeram
o relatório, nós estamos superando a biocapacidade da Terra em 50% (isso é, a
Terra demora um ano para repor o que a gente queima em um ano e meio), o que
significa que estamos em dívida com a mãe natureza.
E quem está mais em dívida? O
relatório balanceou o uso de recursos pela capacidade de produtividade de cada
nação e comparou-os com a população real e o consumo por pessoa, determinando a
“pegada ecológica” de cada nação. Os 25 países com maior consumo per capta são
(o Catar sendo o maior, e Espanha o 25º maior):
1. Catar
2. Kuwait
3. Emirados Árabes Unidos
4. Dinamarca
5. EUA
6. Bélgica
7. Austrália
8. Canadá
9. Os Países Baixos
10. Irlanda
11. Finlândia
12. Cingapura
13. Suécia
14. Oman
15. Mongólia
16. Macedônia
17. Áustria
18. República Checa
19. Eslovênia
20. Uruguai
21. Suíça
22. Grécia
23. França
24. Noruega
25. Espanha
Os 25 países com menos consumo de
recursos naturais per capta são (sendo Guiné-Bissau o 25º país com menor
consumo e o Território Palestino Ocupado* o menor):
·
Guiné-Bissau
·
Camarões
·
Congo
·
Lesoto
·
Togo
·
Filipinas
·
Quênia
·
Tajiquistão
·
Angola
·
Iêmen
·
Índia
·
Burundi
·
Zâmbia
·
Moçambique
·
Malavi
·
Nepal
·
República
Democrática do Congo
·
Paquistão
·
Ruanda
·
Bangladesh
·
Eritreia
·
Haiti
·
Afeganistão
·
Timor
Leste
·
Território
Palestino Ocupado*
*Território palestino ocupado é um
termo usado pela ONU e outros grupos internacionais legais para descrever
partes da Cisjordânia regidas por autoridades militares israelenses.
Brasil: em maus lençóis
O Brasil não aparece entre as 25 nações com maior consumo per capta, nem entre
as 25 com menor consumo. Isso significa que estamos bem, que não estamos
gastando tanto recurso natural?
Muito pelo contrário. O relatório
da WWF também diz que o Brasil e outras economias emergentes (como Rússia,
Índia, China e África do Sul) aumentaram o consumo per capita de recursos
naturais.
Não somos os maiores
consumidores, mas hoje consumimos 65% a mais que nos últimos 50 anos. Os
maiores vilões são a agricultura e a pecuária (representando dois terços do
consumo), depois pesca emissão de carbono, uso florestal e áreas construídas em
cidades.
O Brasil está inclusive acima da
média mundial no que diz respeito a demanda e a capacidade de renovação de
recursos naturais. A pecuária, por exemplo, tem taxa de pegada ecológica de
0,95 no Brasil, enquanto na Argentina é de 0,62 e a mundial é de 0,21.
O índice de pegada ecológica
total no Brasil aumentou de 2,91 a 2,93 desde a última edição do relatório.
Porque manter a biodiversidade viva?
A perda atual de 30% da biodiversidade se traduz em uma grande perda de
espécies de plantas, animais e outros organismos. Espécies temperadas estão
melhores que as tropicais, maiores atingidas, que diminuíram em 60% desde 1970.
Espécies tropicais de água doce chegaram a diminuir 70%. As espécies terrestres
diminuíram 25% no mundo todo, e marinhas aquáticas 20%.
Segundo os especialistas, está na
hora dos políticos, governantes e instituições pararem de pensar de 4 em 4 anos
e pensarem num futuro mais distante. Além do ciclo eleitoral, nós precisamos de
soluções a longo prazo que mantenham nossa biodiversidade viva e dentro das
capacidades de renovação da Terra.
Sim, precisamos salvar nossa
biodiversidade. Não que sejam necessários outros motivos além da sobrevivência
da espécie humana, mas muitos estudos têm apontado vários benefícios da
biodiversidade que nos dão ainda mais razões para nos agarrarmos a ela.
Quando perdemos biodiversidade,
perdemos também nossa cultura. Um novo estudoafirmou
que 70% dos idiomas do planeta são encontrados em áreas ricas em
biodiversidade. E, conforme as áreas são degradadas, as culturas e línguas
locais se extinguem também.
Outra pesquisa mostra
que o contato com a biodiversidade melhora o humor, reduz o estresse e aumenta
a sensação de relaxamento. Também pode aumentar a longevidade, reduzir o tempo
de recuperação de uma cirurgia e aumentar nossas capacidades cognitivas.
Ou seja: faça sua parte! Não custa
e pode lhe fazer muito bem.
Fonte: hypescience