Uma conquista ambiental
brasileira pode estar se perdendo: se o Brasil continuar “enrolando” para
definir as regras de conservação florestal, elas não terão mais efeito.
Enquanto a discussão política continua, o desmatamento, que havia diminuído,
ressurge.
Novos relatórios do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apontam que 480 quilômetros quadrados de
floresta no estado do Mato Grosso foram desmatados durante as oito semanas de
março e abril de 2011. Isso é um aumento de cinco vezes em relação ao ano
passado.
Mato Grosso é o estado mais
meridional da Amazônia, e seus proprietários têm sido responsáveis por um terço
da perda de floresta amazônica desde 1988.
O principal bloqueio jurídico ao
desmatamento é o Código Florestal nacional, que exige que os agricultores da
Amazônia retenham 80% da floresta como “reserva legal”, e os agricultores de
outros lugares retenham 20% do habitat natural.
O código, em vigor desde 1965,
foi ignorado por anos. Porém, quando o país intensificou seus esforços de
policiamento, houve uma reação dos agricultores.
Enquanto isso, a Câmara dos
Deputados passou meses debatendo propostas para “derrubar” (transformar) o
código. Após uma série de adiamentos, o Brasil vai tomar uma decisão hoje.
As alterações podem envolver
adaptações às regras percentuais, devolução de controle para os estados, e
concessão de anistias para os culpados de desmatamento ilegal no passado. Uma
anistia significaria que as ordens existentes para o reflorestamento não teriam
de ser executadas.
Qualquer decisão exige a
aprovação do Senado e da nova presidente, Dilma Rousseff. Durante sua campanha
eleitoral, Dilma se comprometeu a defender as florestas, mas ela estará sob
pressão dos fazendeiros.
Os conservacionistas dizem que a
flexibilização do código poderia prejudicar uma história de sucesso na
Amazônia, pois as taxas de desmatamento, apesar de ainda consideráveis, estavam
diminuindo. No ano passado, atingiram seu nível mais baixo desde a década de
1980, e apenas um terço da taxa de 2004.
Além da incerteza política sobre
o código florestal, outras possíveis razões para o aumento do desmatamento no
Mato Grosso incluem os efeitos da seca do ano passado, que deixou a vegetação
vulnerável ao fogo.
O impacto de quaisquer alterações
no código florestal pode ser igualmente grave na savana do Cerrado ao leste da
Amazônia, onde as taxas de desmatamento aumentaram o dobro para dar lugar a
fazendas.
Fonte: hypescience
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