A cada
duas semanas, um idioma desaparece da face da Terra, segundo estatísticas da
Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO).
Como se esse dado, sozinho, já não fosse suficientemente ruim, especialistas
avaliam que metade das quase 7 mil línguas existentes correm o risco de se
juntar a esse grupo em extinção.
Agora,
pesquisa da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e da Universidade de
Oxford, no Reino Unido, revela relação íntima entre a morte de línguas e a
diminuição da biodiversidade.
O
estudo afirma que 70% dos idiomas do planeta são encontrados em áreas ricas em
biodiversidade. E, conforme as áreas são degradadas, as culturas e línguas
locais se extinguem.
“Estima-se
que a perda anual de espécies seja mil vezes maior que taxas históricas”,
escreveram os pesquisadores na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês).
O
biólogo norte-americano Larry Gorenflo, coordenador da pesquisa, conta que as
paisagens mais importantes estão se tornando cada vez menores. “Essa é uma
oportunidade para integrar esforços para a conservação do meio ambiente com a
conservação cultural e linguística”, pontua.
Situação no Brasil
Antes
da chegada dos colonizadores, havia 6 milhões de índios em nosso país. Hoje,
eles não passam de 700 mil, apenas 11% da população original, que fala cerca de
180 línguas, de acordo com a FUNAI.
E,
desde a colonização, segundo a ONG SOS Mata Atlântica, 93% do bioma homônimo
original já foi devastado.
Para
se ter uma ideia mais específica, o idioma karitiana – último remanescente da
família arikém, do tronco tupi – está restrito a uma tribo de aproximadamente
320 pessoas, perto de Porto Velho (RO). Por isso, o idioma corre risco
constante de extinção.
E
sua perda seria lastimável. O karitiana é bem próximo do idioma chinês e é
desprovido de artigos e pronomes demonstrativos – até então considerados
essenciais pelos especialistas ocidentais –, não apresentando flexões de número
ou gênero. [BBC,BraunSchweiger-Zeitung, Funai, Usp, PennStateUniversity, Foto]
Fonte: hypescience
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