sexta-feira, 29 de junho de 2012

Perda de línguas e culturas está intimamente ligada à diminuição da biodiversidade



A cada duas semanas, um idioma desaparece da face da Terra, segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO). Como se esse dado, sozinho, já não fosse suficientemente ruim, especialistas avaliam que metade das quase 7 mil línguas existentes correm o risco de se juntar a esse grupo em extinção.

Agora, pesquisa da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, revela relação íntima entre a morte de línguas e a diminuição da biodiversidade.

O estudo afirma que 70% dos idiomas do planeta são encontrados em áreas ricas em biodiversidade. E, conforme as áreas são degradadas, as culturas e línguas locais se extinguem.

“Estima-se que a perda anual de espécies seja mil vezes maior que taxas históricas”, escreveram os pesquisadores na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, na sigla em inglês).

O biólogo norte-americano Larry Gorenflo, coordenador da pesquisa, conta que as paisagens mais importantes estão se tornando cada vez menores. “Essa é uma oportunidade para integrar esforços para a conservação do meio ambiente com a conservação cultural e linguística”, pontua.

Situação no Brasil

Antes da chegada dos colonizadores, havia 6 milhões de índios em nosso país. Hoje, eles não passam de 700 mil, apenas 11% da população original, que fala cerca de 180 línguas, de acordo com a FUNAI.

E, desde a colonização, segundo a ONG SOS Mata Atlântica, 93% do bioma homônimo original já foi devastado.

Para se ter uma ideia mais específica, o idioma karitiana – último remanescente da família arikém, do tronco tupi – está restrito a uma tribo de aproximadamente 320 pessoas, perto de Porto Velho (RO). Por isso, o idioma corre risco constante de extinção.

E sua perda seria lastimável. O karitiana é bem próximo do idioma chinês e é desprovido de artigos e pronomes demonstrativos – até então considerados essenciais pelos especialistas ocidentais –, não apresentando flexões de número ou gênero.  [BBC,BraunSchweiger-Zeitung, Funai, Usp, PennStateUniversity, Foto]

Fonte: hypescience

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